Novo inquérito

Além de racismo, influenciadoras são investigadas agora por coação

Mãe de menina de 8 anos denunciou oferta de cestas básicas

Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves estão sendo investigadas pela Decradi
Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves estão sendo investigadas pela Decradi |  Foto: Lucas Alvarenga
 

A delegada Rita Salim, da Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), disse, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (16), que vai intimar as influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves para que elas deponham em um inquérito de coação, além dos outros quatro inquéritos de racismo pelo quais elas já estão respondendo.

A delegada do caso informou que duas pessoas podem ser ouvidas na próxima semana: um menino de 10 anos que ganhou uma banana das duas influenciadoras e uma vendedora ambulante que também é vítima de um dos inquéritos de racismo aberto contra as acusadas.

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A história ganhou um novo capítulo depois que foi divulgado, na quinta-feira (15), uma declaração da mãe da menina de 8 anos que ganhou um macaco das influenciadoras em um vídeo afirmando que Kérollen e Nancy estavam oferecendo benefícios para que ela não denunciasse o que teria ocorrido com sua filha. 

Delegada Rita Salim concedeu entrevista coletiva sobre o caso
Delegada Rita Salim concedeu entrevista coletiva sobre o caso |  Foto: Lucas Alvarenga
 

“Elas (mãe e filha de 8 anos) vieram ontem à Decradi para prestar declaração a cerca do inquérito que já está em andamento na delegacia a cerca dos vídeos que elas participaram, que a filha dessa senhora participou. E também denunciar a ocorrência desse novo fato que elas estariam sendo coagidas pelas influenciadoras a não darem declarações aqui na delegacia, a não darem prosseguimento em troca de cestas básicas, auxílio com passagem, e até prestação de serviço da advogada”, explicou a delegada. 

A mãe da menina também reiterou que não autorizou a gravação dos vídeos ao contrário do que as influenciadoras haviam dito anteriormente. 

“Não posso dar mais informações por estar em sigilo. Mas a mãe da menina disse que ela e outras crianças estavam brincando quando foram abordadas pelas influenciadoras que ofereceram a realização do vídeo em troca de um presente. Ainda não há uma data para ouvir as influenciadoras no caso da coação”, disse completou Rita Salim. 

Os outros casos de racismo incluem, além das crianças, uma vendedora ambulante e um motorista de aplicativo. Todas as vítimas são de São Gonçalo. 

“A mãe da criança de 8 anos, uma catadora de recicláveis, no entanto, não recebeu esses benefícios que as influenciadoras tentaram dar para que ela não depusesse na delegacia”, disse Rita. 

Agora, falta ser ouvido o menino de 10 anos que ganhou uma banana em um vídeos das influenciadoras. O responsável legal dele já foi ouvido e informou, segundo a delegada, que também não sabia da gravação do vídeo e que não autorizou a postagem nas redes sociais.

A vendedora ambulante envolvida em um inquérito também não foi ouvida, mas o patrão dela se prontificou a levar sua funcionária para prestar depoimento nesta próxima semana.

“As investigações seguem em andamento e ainda não fechamos nenhuma conclusão”, confirmou Rita. 

Vale lembrar que as influenciadoras, que são do Jardim Catarina, em São Gonçalo, estão com as redes sociais bloqueadas pelo prazo de seis meses após uma decisão da Justiça. Com a decisão, elas ficam impedidas, pelo mesmo período, de criar novos perfis nessas redes sociais sob pena de multa diária de R$ 5 mil, além de terem que retirar vídeos que contenham conteúdo que violem os direitos de crianças, adolescentes e idosos.

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